eu desabo. desmorono. simplesmente tudo se quebra rápido demais
como se eu não tivesse controle do que sinto. como se todos os meus medos fossem colocados a vista. bem ali. na minha frente. meus medos.
devo estar ficando doida
só eu os vejo
eu aponto
berro
grito
ninguém ver?
parece que já nasci abandonada de tudo
de todos
de mim
eu sou corpo
corpo de mulher
tenho data de nascimento
e registro em cartório
mas nada aqui me pertence
nada aqui sou eu.
quando nova as vezes pensava
“quem sou eu?”
do que realmente eu sou feita?
fora essa carne útil que me rodeia
“quem eu sou? “
eu sentia um vazio tão grande
não cabia em um corpo tão pequeno de uma criança
e até hoje não cabe em tudo aquilo que eu era
como pode eu ter sido algo mesmo não sendo nada hoje
me assusto novamente
será que pode?
e se tive um passado mesmo não sendo presente
talvez eu possa
ser futuro.
não me assusta mais não saber quem eu sou
me assusta que esse vazio coube em mim rápido demais
lá no fundo eu sei que eu não tenho mais medo de não saber quem sou
eu tenho medo que esse vazio todo…
seja eu.